#RPSP 27/04/2025
Gênesis 11 – A torre da rebelião
“E disseram: Vamos construir para nós uma cidade e uma torre cujo topo alcance os céus, e façamos um nome para nós, para que não sejamos espalhados por toda a terra.” (Gn 11:4)
Gênesis 11 é o último grande episódio da história primitiva da humanidade. O pecado que começou no Éden e se espalhou no dilúvio agora se manifesta na arrogância coletiva em Babel.
Aqui, o ser humano tenta se unir, mas não para glorificar a Deus e sim para exaltar a si mesmo. A torre que deveria alcançar o céu se torna o símbolo máximo da autossuficiência humana sem Deus.
O capítulo inicia descrevendo a humanidade unificada:
“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar.” (v.1)
O termo hebraico שָׂפָה אֶחָת (safah echat), “uma só linguagem”, indica mais que um idioma: é uma cultura única, sem diversidade.
Essa uniformidade, inicialmente neutra, rapidamente se transforma em veículo para a rebelião.
“Vamos edificar para nós uma cidade e uma torre cujo topo alcance os céus…” (v.4)
Essa expressão evoca as ziqqurats da antiga Mesopotâmia, torres em forma de pirâmides escalonadas, consideradas “escadas” para os deuses.
Em vez de obedecerem à ordem divina de se espalhar e encher a terra (Gn 9:1), eles tentam se fixar, edificar e fazer um nome para si mesmos.
O verbo נַעֲשֶׂה (na’aseh), “façamos para nós um nome”, é um eco irônico de Gênesis 1:26 (“Façamos o ser humano à nossa imagem”).
Agora, o homem tenta ser o criador de si mesmo.
“Então o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam.” (v.5)
Essa expressão é uma antropopatia… Deus “desce” para mostrar a insignificância do orgulho humano.
A torre, que deveria “tocar os céus”, é tão minúscula que Deus precisa descer para vê-la.
“Confundamos ali a língua deles…” (v.7)
O verbo נָבַל (naval), “confundir”, dá origem ao nome Babel (בָּבֶל / Bavel), associada aqui à confusão (embora na língua acadiana Bab-ili signifique “Porta de Deus”).
A dispersão forçada de Gênesis 11 é o prelúdio para a multiplicidade de povos já descrita em Gênesis 10. Aqui se explica como surgiram as diversas línguas e culturas.
As ziqqurats eram templos de vários andares, construídos na Suméria (como em Ur e Babilônia) desde o terceiro milênio a.C.
A mais famosa delas era a Etemenanki, o “templo da fundação do céu e da terra” em Babilônia, associada a Marduque.
Os relatos arqueológicos mostram que essas torres eram centros religiosos e políticos, exatamente como Babel.
Mas a Bíblia reinterpreta essa arquitetura monumental: não como triunfo humano, mas como fracasso espiritual.
O pecado humano não está apenas em querer construir, mas em querer construir sem Deus.
Toda tentativa de buscar grandeza sem submissão a Deus termina em confusão e divisão.
Você está edificando sua vida para fazer um nome para si mesmo, ou para glorificar o nome de Deus?
Ore hoje para que seus projetos e sonhos estejam ancorados não no orgulho humano, mas na missão de glorificar a Deus.

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