#RPSP 30/04/2025
Gênesis 14 – Vitória, sacerdócio e promessa
“Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo. Abençoou Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo…” (Gn 14:18-19)
Gênesis 14 é o primeiro capítulo das Escrituras que apresenta um conflito militar, e também o primeiro onde aparecem os termos rei, sacerdote, dízimo e bênção.
É um texto repleto de significado teológico e profético, que aponta para uma dimensão superior da história de Abrão: ele não é apenas um peregrino da fé, mas também um guerreiro justo e um adorador fiel.
“Sucedeu que, nos dias de Anrafel, rei de Sinar…” (v.1)
A narrativa começa com uma guerra entre quatro reis do oriente (vassalos da Mesopotâmia) e cinco reis cananeus do vale do Jordão. Entre os prisioneiros está Ló, sobrinho de Abrão (v.12), que se tornara residente em Sodoma.
Ao saber disso, Abrão age com coragem:
“Reuniu trezentos e dezoito homens treinados, nascidos em sua casa…” (v.14)
Esse número indica que Abrão era um chefe tribal próspero e estruturado, capaz de mobilizar uma pequena força armada. A vitória sobre os reis orientais em Dan e Hobá mostra sua estratégia, liderança e fé.
“E trouxe de volta todos os bens, também a Ló, seu parente…” (v.16)
Abrão arrisca tudo não por conquista, mas para resgatar.
Esse é um retrato poderoso do que o verdadeiro servo de Deus faz: luta pelo outro, sem buscar ganho pessoal.
“Melquisedeque, rei de Salém… sacerdote do Deus Altíssimo…” (v.18)
Esse personagem enigmático aparece sem genealogia, sem passado e sem explicações, mas traz pão, vinho e uma bênção.
Seu nome significa: “Rei de Justiça” (Malki-Tzédek) e ele governa Salém, cidade que muitos identificam como a futura Jerusalém.
A expressão “Deus Altíssimo” (אֵל עֶלְיוֹן / El Elyon) aparece apenas aqui no Pentateuco. Indica o reconhecimento de um Deus universal e soberano, além das divindades locais.
“E Abrão lhe deu o dízimo de tudo.” (v.20)
Este é o primeiro dízimo mencionado na Bíblia, entregue espontaneamente por gratidão e reverência.
Não era lei. Era resposta à bênção.
Hebreus 7 identifica Melquisedeque como tipo de Cristo:
- Rei e sacerdote,
- Sem genealogia humana registrada,
- Superior a Abraão (Hb 7:7).
Ou seja: o sacerdócio de Cristo é eterno, anterior ao levítico e fundamentado em justiça e paz.
As cidades mencionadas (Elasar, Sinar, Sodoma, Gomorra) correspondem a centros conhecidos da antiguidade, especialmente na bacia sul do Mar Morto.
A cultura da época ligava os reis diretamente à autoridade divina, mas Gênesis apresenta Melquisedeque como um sacerdote distinto, ligado ao Deus verdadeiro, fora da linhagem patriarcal.
A prática de oferecer 10% do despojo ao rei-sacerdote também encontra eco em textos da Mesopotâmia, mas em Gênesis, esse ato tem caráter espiritual, não político.
Abrão mostra que a fé não é alienada do mundo real.
Ela se expressa em:
- Justiça (resgatar o oprimido),
- Generosidade (oferecer o dízimo),
- Discernimento (recusar os bens do rei de Sodoma (v.21-24)),
- Adoração (receber a bênção de Melquisedeque).
Você tem usado sua força e recursos para proteger os outros ou para proteger a si mesmo?
Ore hoje para que Deus o transforme num “Abrão”: fiel na guerra, íntegro na vitória, generoso na adoração.

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