#RPSP 03/05/2025
Gênesis 17 / Aliança, identidade e esperança
“Estabelecerei a minha aliança entre mim e você, e a sua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o seu Deus e o Deus da sua descendência.” (Gn 17:7)

Em Gênesis 17, Deus retoma e aprofunda a aliança com Abrão. Agora, ela recebe um sinal físico, a circuncisão, e uma ampliação teológica e escatológica.
Abrão se torna Abraão; Sarai se torna Sara. A identidade do casal é transformada, porque uma aliança verdadeira sempre redefine quem somos.

“Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê íntegro.” (v.1)
Deus se apresenta como El Shaddai (אֵל שַׁדַּי), o “Deus Todo-Poderoso” ou “Deus da suficiência”.
Este é o nome da suficiência divina em meio à impossibilidade humana (Abraão tinha 99 anos).

“Anda na minha presença e sê íntegro.”
A expressão “anda” (הִתְהַלֵּךְ / hit’halech) implica relacionamento contínuo com Deus (como Enoque em Gn 5:24 e Noé em Gn 6:9).
“Íntegro” (tamim) denota plenitude, sinceridade, integridade moral.

“Estabelecerei a minha aliança entre mim e você…” (v.2-7)
A palavra “aliança” (בְּרִית / berit) aparece 13 vezes no capítulo. A aliança aqui é:

• Perpétua (v.7),
• Geracional,
• Espiritual (v.8), pois envolve ser o Deus do povo, não apenas dar terra.

“Já não será o seu nome Abrão, e sim Abraão…” (v.5)

• Abrão (אַבְרָם) = pai exaltado
• Abraão (אַבְרָהָם) = pai de uma multidão

Mudança de nome significa mudança de identidade e missão.
É Deus quem reescreve a história daqueles com quem faz aliança.

“E Sarai será chamada Sara.” (v.15)

• Sarai (שָׂרַי) = minha princesa
• Sara (שָׂרָה) = princesa (universal, não restrita)

Ela agora é princesa das nações, mãe de reis (v.16), mesmo sendo estéril e idosa.

“Riu-se Abraão…” (v.17)
O riso de Abraão não é cético, mas mistura de espanto e reverência.
A promessa é tão grandiosa que o riso vira símbolo do impossível possível.

“Você guardará a minha aliança… todo macho será circuncidado.” (v.10–11)
A circuncisão se torna o sinal visível da aliança, um corte físico que aponta para um compromisso espiritual.
Ela é feita no órgão reprodutor, símbolo da promessa de descendência.

A circuncisão não salva, mas marca a fé na promessa de Deus.
No Novo Testamento, a circuncisão do coração (Rm 2:28-29; Cl 2:11) substitui o ritual físico, revelando a aliança espiritual em Cristo.

A prática da circuncisão existia em algumas culturas egípcias e semitas, mas era geralmente iniciatória ou ligada à pureza sacerdotal.
Na Bíblia, porém, a circuncisão adquire um significado teológico exclusivo:

• Sinal da aliança com o Deus criador e redentor;
• Promessa de um povo separado, não apenas biologicamente, mas espiritualmente.

A mudança de nomes também era comum entre reis ao assumir novos tronos. Aqui, Deus assume o papel de Rei soberano, dando novos nomes àqueles que Ele chama.

Deus não faz alianças superficiais. Ele transforma nomes, identidades e destinos.
A circuncisão hoje é interna: um coração separado para Deus.

Você está apenas “seguindo a Deus”, ou foi realmente transformado por uma aliança que mudou sua identidade?

Ore hoje pedindo que Deus reafirme Sua aliança com você, e que seu coração seja um altar onde Ele habita como seu Deus perpétuo.

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Julio Cesar Ribeiro é pastor e professor.
Possui graduação em Teologia, Especialização e Mestrado em Teologia Bíblica, Mestrado em Teologia Cristã e atualmente cursa programa de Doutorado em Teologia Bíblica.
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