#RPSP 09/05/2025
Gênesis 23 / A fé que compra um túmulo
“Assim o campo de Efrom em Macpela, em frente a Manre, passou para a posse de Abraão como propriedade para sepultura.” (Gn 23:17)
Gênesis 23 não contém milagres nem grandes intervenções divinas. É um capítulo de luto, negociação e aquisição de um terreno.
Mas por trás da simplicidade, está um poderoso testemunho: Abraão compra, com fé, o primeiro pedaço da Terra Prometida, para enterrar sua esposa.
Ele crê que Deus cumprirá a promessa, mesmo que o cumprimento completo ainda esteja distante.
“Sara viveu cento e vinte e sete anos… morreu em Quiriate-Arba (ou Hebrom)…” (v.1-2)
Sara é a única mulher da Bíblia cuja idade ao morrer é registrada. Isso mostra sua importância não apenas como esposa, mas como matriarca do povo da promessa.
“Abraão foi prantear Sara e chorar por ela.” (v.2)
A dor não anula a fé. O pranto de Abraão é legítimo… fé verdadeira não exclui lágrimas.
Ele se levanta para cuidar da morte com dignidade e esperança.
“Sou estrangeiro e morador entre vocês…” (v.4)
Abraão reconhece sua posição transitória na terra… ainda não é dono, mas crê na posse futura.
A palavra hebraica para “estrangeiro” (גֵּר / ger) aparece mais tarde nas leis sobre acolhimento (Êx 22:21).
Mesmo como estrangeiro, ele vive com honra, fé e respeito.
“Sepulta a tua morta na melhor das nossas sepulturas…” (v.6)
Os hititas o chamam de “príncipe de Deus” (נְשִׂיא אֱלֹהִים / nasi Elohim), um título raro e respeitoso.
A vida de Abraão testemunhava sua fé mesmo entre pagãos.
“Dá-me a caverna de Macpela, que está na extremidade do seu campo…” (v.9)
A negociação segue o estilo semita antigo: educada, indireta, mas firme.
Abraão não quer um favor, ele quer uma posse legal.
“Ouça-me: o campo é seu… Enterre ali a sua morta.” (v.11)
Efrom oferece gratuitamente, mas isso faz parte da etiqueta da época.
Abraão insiste em pagar… ele não quer um presente simbólico, mas uma propriedade legítima.
“Pesou Abraão a Efrom a prata… quatrocentos siclos.” (v.16)
Essa quantia era alta, talvez exagerada. Mas Abraão paga.
Porque a promessa de Deus vale o preço da fé.
“O campo de Macpela… passou a ser de Abraão como posse para sepultura.” (v.20)
Esse é o primeiro pedaço da Terra Prometida realmente possuído por Abraão.
Não foi dado, nem conquistado por guerra… foi adquirido com lágrimas, prata e fé.
A caverna de Macpela, em Hebrom, ainda hoje é local sagrado, conhecida como o Túmulo dos Patriarcas.
As práticas de luto e negociação descritas no texto batem com registros culturais dos hititas e cananeus do segundo milênio a.C.
A ênfase na posse legal e perpétua mostra a consciência histórica de Abraão: a promessa de Deus é real, mesmo que leve séculos para se cumprir.
Gênesis 23 nos ensina que a fé não se mede só nos milagres que vemos, mas na forma como tratamos o luto, a espera e os detalhes da vida.
Abraão compra um túmulo porque crê em uma terra. E crê em uma ressurreição.
Você está construindo sua fé apenas com base em conquistas? Ou também em gestos silenciosos que demonstram esperança no invisível?
Ore hoje para que sua vida testemunhe, mesmo em meio à dor, que o que Deus prometeu é mais forte do que a morte.
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