#RPSP 26/05/2025
Gênesis 40 / Fidelidade nos bastidores
“Não são de Deus as interpretações? Conte-me o sonho.” (Gn 40:8)

José está preso injustamente. Longe de casa. Esquecido por sua família. Rejeitado por seus irmãos. Abandonado pela justiça de Potifar. Ainda assim, em Gênesis 40, vemos um José que permanece fiel, sensível à dor dos outros e atento à voz de Deus. Este capítulo é sobre o silêncio da espera, mas também sobre o poder da fidelidade no anonimato.
“Depois disso, o copeiro e o padeiro do rei do Egito… ofenderam seu senhor.” (v.1)
Ambos eram oficiais de confiança do Faraó, responsáveis por sua comida e bebida, funções vitais em uma corte onde envenenamentos eram comuns. O texto não revela a natureza da ofensa, mas indica que os dois foram lançados na mesma prisão onde José estava.
“O capitão da guarda os entregou a José, que ficou encarregado deles.” (v.4)
Mesmo preso, José continuava sendo reconhecido por sua liderança. A expressão hebraica mostra que ele “ministrava” a eles, não apenas os supervisionava, mas os servia. Isso aponta para um espírito de humildade e responsabilidade mesmo em sofrimento.
“Por que vocês estão tristes hoje?” (v.7)
Essa pergunta de José revela sua sensibilidade ao sofrimento alheio, mesmo enquanto ele próprio sofria. Ele não se isolou na amargura, mas se abriu para ser instrumento de esperança.
“Não são de Deus as interpretações?” (v.8)
A resposta de José aponta para sua confiança total na soberania divina. Ele não se apresenta como intérprete, mas como alguém que depende de Deus para entender os sonhos.
“O sonho do copeiro-chefe” (v.9-11)
Três ramos, uvas espremidas, vinho servido ao Faraó… José interpreta que em três dias ele será restaurado. A resposta é direta, positiva e cheia de esperança.
“Lembre-se de mim quando tudo estiver bem com você…” (v.14)
José não esquece sua dor. Ele pede ajuda com dignidade. Mas sua esperança não está no copeiro, e sim em Deus. O pedido mostra que ele ainda crê na justiça, mesmo após tantos anos de injustiça.
“O sonho do padeiro-chefe” (v.16-19)
Três cestos, pão devorado por aves… José anuncia que em três dias o padeiro será executado. A coragem de José em falar a verdade, mesmo quando ela não é boa, demonstra sua fidelidade ao que Deus revela, e não ao que as pessoas querem ouvir.
“Ao terceiro dia… o Faraó restaurou o copeiro e enforcou o padeiro.” (v.20-22)
A profecia se cumpre exatamente como anunciado. A palavra de Deus pela boca de José se confirma.
“O copeiro-chefe, porém, não se lembrou de José. Pelo contrário, se esqueceu dele.” (v.23)
O versículo final é um golpe duro. José é esquecido novamente. Mas o silêncio de Deus não é ausência. É preparação.
A cultura egípcia dava grande valor a sonhos e interpretações. Havia “livros dos sonhos” usados por sacerdotes para decifrá-los. No entanto, José não recorre à adivinhação ou magia, mas à revelação divina.
O texto é construído com paralelismos entre os dois sonhos, as interpretações e os resultados. A estrutura literária prepara o leitor para o próximo grande movimento de Deus na vida de José.
Gênesis 40 ensina que Deus trabalha mesmo quando estamos em silêncio e esquecidos. A prisão de José não é um fim, mas um trampolim. Sua fidelidade nos bastidores é o que o prepara para os palácios.
Você está servindo com fidelidade mesmo sem reconhecimento? Está sendo sensível à dor do outro mesmo em meio à sua própria dor?
Ore hoje pedindo forças para permanecer fiel na espera. Deus não se esqueceu de você. Ele está usando o tempo da prisão para te preparar para o propósito.
