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Reavivados Por Sua Palavra é um projeto que incentiva a leitura diária da Bíblia, promovendo o crescimento espiritual e o fortalecimento da fé.​ Lançado em 17 de abril de 2012, o projeto propõe a leitura de um capítulo da Bíblia por dia, seguindo uma ordem sequencial. A iniciativa é aberta a todos que desejam aprofundar seu conhecimento das Escrituras, independentemente de sua denominação religiosa.

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Êxodo 4 / Quando Deus faz da fraqueza um sinal

#RPSP – 09/06/2025
Êxodo 4 / Quando Deus faz da fraqueza um sinal

“O Senhor lhe perguntou: Quem fez a boca do ser humano? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, o que vê ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Ex 4:11)

Após o chamado extraordinário da sarça, Moisés continua relutante. O capítulo 4 mostra um homem ferido pelo passado, inseguro no presente e desconfiado do futuro. Mas também revela um Deus paciente, pedagógico e poderoso, que transforma varas em sinais e medos em missão.

“Moisés respondeu: Mas eis que não vão crer em mim…” (v.1)

Moisés antecipa rejeição. Sua insegurança não está apenas na missão, mas na identidade. A experiência passada no Egito o feriu profundamente.

“O que é isso na sua mão?” (v.2)

Deus começa com o que Moisés já possui: um cajado (מַטֶּה / matteh). Deus não dá uma nova ferramenta, Ele transforma o ordinário em extraordinário. O cajado, símbolo de trabalho e simplicidade, será instrumento de libertação.

“Lança-o no chão…” (v.3)

Ao obedecer, o cajado vira serpente (נָחָשׁ / nāḥāsh). O símbolo do poder egípcio (a serpente na coroa dos Faraós) agora é controlado por um servo do Deus vivo. Moisés foge da serpente, mas Deus o chama de volta. Coragem espiritual começa quando obedecemos mesmo com medo.

“Pegue-o pela cauda…” (v.4)

Essa instrução é contraintuitiva e arriscada. Agarrar uma serpente pela cauda é perigoso, mas Deus ensina Moisés a confiar na Sua ordem acima da lógica.

“Introduza a mão no peito…” (v.6)

A mão de Moisés se torna leprosa. O sinal da impureza mostra o poder de Deus sobre o corpo e sobre a restauração. Ao retirá-la novamente, ela volta limpa. Deus tem domínio sobre a enfermidade e a purificação.

“Se ainda não crerem… tome água do rio…” (v.9)

O terceiro sinal antecipa a primeira praga. A água (מַיִם / mayim) do Nilo se transforma em sangue (דָּם / dām). O rio que sustentava o Egito se torna símbolo de juízo. Deus vai desmontar a idolatria da nação pagã.

“Nunca fui eloquente… sou pesado de boca e pesado de língua.” (v.10)

A expressão “כְּבַד-פֶּה וּכְבַד לָשׁוֹן” (kevād-peh ukevād lashōn) revela um problema real ou percebido por Moisés. Pode indicar gagueira, lentidão verbal ou trauma. Moisés não confia em sua comunicação.

“Quem fez a boca do ser humano?” (v.11)

A resposta divina é retórica e poderosa. Deus diz: “Quem pôs a boca no ser humano?” O verbo hebraico usado é שׂוּם (sūm), “colocar”, “estabelecer”, não “criar” (בָּרָא / bara). Deus está afirmando que Ele é soberano sobre a constituição funcional de cada pessoa. A existência de deficiência não anula o chamado. Pelo contrário, Deus se manifesta por meio da variedade das capacidades humanas que Ele mesmo determina.

“Vai, e eu estarei com a tua boca…” (v.12)

Mais uma vez, a promessa da presença: não é a habilidade, mas a companhia de Deus que capacita.

“Manda outro!” (v.13)

Aqui Moisés se recusa. O verbo שְׁלַח נָא (shelaḥ nāʾ) carrega um tom de resistência direta. Ele já não está inseguro, está indisposto. Por isso, a ira do Senhor se acende.

“Arão, seu irmão… ele fala bem.” (v.14)

Mesmo irado, Deus provê auxílio. Arão será boca de Moisés, mas Moisés continuará sendo o profeta. A liderança continua sendo dele.

“Leve na mão este bordão…” (v.17)

O cajado se torna símbolo visível da autoridade divina. Não é mais só de Moisés, é instrumento de Deus.

“Disse o Senhor a Moisés em Midiã: Volte ao Egito…” (v.19)

Agora Deus dá ordem direta. Aqueles que queriam matar Moisés estão mortos. O tempo de esconder-se acabou.

“O Senhor o encontrou no caminho e quis matá-lo.” (v.24)

Esse trecho é enigmático. Moisés negligenciou a circuncisão de seu filho, um sinal da aliança (Gn 17). Séfora (ou Zípora) resolve o problema. O sangue (דָּם / dām) da circuncisão protege da morte… um tema que será central na Páscoa.

“O povo crerá, e se inclinará em adoração.” (v.31)

O capítulo termina com fé. O povo reconhece que Deus não esqueceu. A adoração nasce da consciência de que o Deus que vê, ouve e desce também se lembra de agir.

Os três sinais (cajado, mão e água) representam dimensões do poder de Deus sobre a natureza, o corpo e os símbolos religiosos egípcios. O pacto da circuncisão, uma prática comum em povos semitas, torna-se em Israel símbolo teológico de separação e identidade.

Literariamente, o capítulo estrutura a resistência de Moisés em cinco estágios, cada um respondido com paciência e poder divino.

Êxodo 4 mostra que Deus não precisa de nossa perfeição, apenas da nossa entrega. Moisés relutou, mas Deus persistiu. O cajado, o medo e até a boca falha são transformados em veículos da glória divina.

Você tem resistido ao chamado por causa de suas limitações? Entregue hoje seu “cajado” e confie em quem o enviou.

Ore hoje dizendo: “Senhor, usa minha fraqueza para manifestar Tua força.” Que a sarça continue ardendo em seu coração, e o bordão esteja firme na sua mão.