#RPSP 10/06/2025
Êxodo 5 / Antes do Livramento, o peso aumenta
“Que é o Senhor, para que eu lhe ouça a voz e deixe ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel.” (Ex 5:2)

Moisés e Arão obedecem ao chamado de Deus e confrontam o poder de Faraó. Mas, ao invés de resultado imediato, recebem rejeição e mais opressão. Êxodo 5 mostra que a fidelidade a Deus nem sempre produz alívio imediato, mas revela o coração dos tiranos e a persistência do plano divino.

“Depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó…” (v.1)

A ação de ir diretamente ao Faraó é um ato de fé e coragem. Eles falam em nome do Senhor (יְהוָה / YHWH), reivindicando liberdade para o povo ir celebrar no deserto.

“Assim diz o Senhor, o Deus de Israel…” (v.1)

Essa é a primeira vez que o título אֱלֹהֵי יִשְׂרָאֵל (Elohê Yisraʾel) aparece na boca de um profeta em confronto político. Deus se identifica com o povo oprimido, não com os palácios.

“Quem é o Senhor, para que eu ouça sua voz?” (v.2)

Faraó rejeita não apenas a ordem, mas o próprio Deus. A pergunta retórica indica ignorância espiritual e arrogância. Esse é o ponto de partida do conflito teológico de Êxodo: quem tem autoridade?

“Deixem os homens irem sacrificar no deserto…” (v.3)

O pedido é por um festival religioso, não fuga definitiva. A argumentação estratégica visa mostrar a injustiça da negação.

“Vocês estão distraindo o povo das suas tarefas!” (v.4)

Faraó acusa os líderes de instigar desordem. O poder opressor sempre vê a espiritualidade como ameaça.

“Não deem mais palha ao povo para fazer tijolos…” (v.7)

A palha era usada para dar coesão ao barro. Ao retirar o insumo sem reduzir a cota, o Faraó aumenta o fardo intencionalmente. É repressão como resposta à esperança.

“O número de tijolos não será diminuído.” (v.8)

O castigo coletivo visa esmagar o moral do povo. A lógica do império é sempre produção acima da dignidade.

“São preguiçosos!” (v.8)

A espiritualidade é retratada como desculpa para a ociosidade. Esse discurso ecoa ainda hoje, quando a fé é tratada como fuga, não como força.

“Vão e trabalhem! Palha não lhes será dada…” (v.18)

A insistência em manter a produção sem meios é desumana. É símbolo de sistemas injustos que exploram e depois culpam o explorado.

“Os oficiais israelitas viram que estavam em situação difícil…” (v.19)

Esses oficiais eram hebreus intermediários. Eles sofrem de ambas as pressões: a do opressor e a do povo. Sentem-se traídos.

“O Senhor olhe para vocês e julgue isso!” (v.21)

Os próprios hebreus agora questionam Moisés. Eles culpam os libertadores pela piora das condições. O trauma os impede de ver o plano.

“Moisés voltou-se ao Senhor e disse: Senhor, por que afliges este povo?” (v.22)

Moisés ora em crise. A pergunta “לָמָה הֲרֵעֹתָה” (lāmāh hărēʿōtāh), “Por que fizeste mal?”, é ousada. Moisés questiona Deus com sinceridade.

“Desde que fui a Faraó para falar em teu nome, ele tem feito mal ao povo, e tu de nenhuma maneira livraste o teu povo.” (v.23)

O verbo “livrar” (הִצַּלְתָּ / hitzaltā) é forte. Moisés esperava resposta imediata. Mas o livramento verdadeiro requer confronto, processo e fé perseverante.

Documentos egípcios relatam a produção de tijolos com cotas específicas. A exigência sem palha é historicamente plausível. Literariamente, o capítulo introduz o conflito entre as palavras de Deus e as palavras do Faraó, uma batalha de discursos e autoridade.

Êxodo 5 mostra que a obediência a Deus pode inicialmente tornar a vida mais difícil. Mas o aumento da opressão é o prelúdio do livramento. A ira de Faraó é sinal de que o Reino de Deus está confrontando o reino do homem.

Você tem desanimado quando o peso aumenta após a oração? Lembre-se que Deus não volta atrás em Suas promessas. Ele prepara o cenário para libertar de verdade.

Ore hoje com coragem, mesmo sem ver resultado imediato. Clame por fé para continuar, mesmo quando a obediência parecer ter piorado a situação.

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